quinta-feira

presente

Numa tarde um pouco ensolarada, o casal caminha como sempre, porem sem perceber este simples ato de colocar um pé diante de outro.
Torna-se tão único.
Seus risos abrilhantam uma famosa rua no centro da capital.
Sequer conseguem enxergar o que está perante seus olhos.
Ela com maestria o conduz por um caminho tão hostil.
Carros, máquinas pessoas estão ao redor, mas eles se querem os enxergam.
A ladeira do centro da cidade torna-se íngreme, o cansaço sequer é uma preocupação.
A boca seca pelo simples fato de estar aberta.
Admiração mútua, sede constante, que é alimentada cada vez mais pelos olhares.
Nenhuma palavra é dita.
Com a ponta do dedo enrugado ele toca sua nuca, afagando um carinho gentil.
Ela sem graça solta um sorriso.
A boca fica mais seca.
Rodeados por inseguranças eles finalmente acordam.
E toda a beleza do momento se esvai.
Começaram a querer recriar a felicidade, mal sabiam que para isso nada bastava.
Eles num profundo abismo de segurança prenderam-se.
Nada era preciso.
Simples fato de pequeno.
Ele já não sabia aonde ir, e ela vendo que ele iria não o parou.
Parado ele começou a olhar, ela olhando parou de se encostar.
Seguiram
Mas à tarde que embriagou sede em suas bocas desejou que eles não tivessem percebido.
Presenteado pelo mundo quem vive o presente.

4 comentários:

  1. Lindo !!!

    Lembrei-me de um texto que escrevi certa vez chamado "Mais um amor de perde".

    Parabéns !!!

    Bj.

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  2. "O tempo presente e o tempo passado estão ambos talvez presentes no tempo futuro, E o tempo futuro contido no tempo passado. Se todo tempo é eternamente presente, Todo tempo é irredimível.(...)Vai, vai, vai, disse o pássaro: O GÊNERO HUMANO NÃO PODE SUPORTAR TANTA REALIDADE. O tempo passado e o tempo futuro, o que poderia ter sido e o que foi, convergem para um só fim, que é sempre presente.(...) a coexistência, ou seja, que o fim precede o princípio, e que o fim e o princípio sempre estiveram lá, antes do princípio e depois do fim. E tudo é sempre agora." T.S.Eliot

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  3. PS: T.S.Eliot em "Quatro Quartetos - Burnt Norton"

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  4. Se voce soubesse como foi infinita
    Aquela nossa danca de dois minutos.

    Impressionante como o presente contem a eternidade.

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